domingo, 20 de junho de 2010

Aplicação de botox

Ai quanto tempo né? Andei sumida demais...mas vamos as novidades:

Ontem fiz mais uma vez aplicação de botox na musculatura. Para aqueles que não sabem, esta técnica é feita em pessoas com paralisia cerebral com objetivos de reabilitação. O botox é aplicado em determinados nervos e músculos para relaxar, aliviar o efeito de tensão da musculatura em determinados movimentos e diminuir os espasmos que são os grandes vilões da reabilitação, principalmente em se tratando da fisioterapia com foco na marcha. O botox quebra um pouco o que os médicos chamam de movimento em bloco ou padrão, em que o paciente estica o corpo inteiro involuntariamente para flexionar apenas uma das pernas por exemplo.

Além do botox, temos o fenol, um medicamento um pouco mais instantâneo em seus feitos porem menos duradouro. Na teoria, o efeito do botox na musculatura dura em média 4 meses e o fenol não mais que 30 dias.

A idéia principal é paralisar a musculatura para potencializar o trabalho da fisioterapia ao longo desse período. Assim, na pratica você começa a perder força por causa do botox depois do quarto dia após a aplicação e atinge o ápice do efeito do remédio depois de 15 dias, no estado em que a musculatura está totalmente relaxada. Mas logo após esse período, o efeito tende a diminuir até desaparecer totalmente. Sendo assim, de nada adianta uma aplicação bem feita, nos pontos musculares corretos se o paciente não intensificar a fisioterapia durante pelo menos os primeiros 30 dias. O medicamento vai embora e o que fica é o resultado conquistado pela fisioterapia e os movimentos adquiridos.

A aplicação é feita com agulhas injetando o liquido espesso e oleoso direto no músculo. Eu já fiz aplicação das duas formas: com e sem sedação. Acreditem, com sedação é muito melhor rsrs

O médico primeiro usa uma eletro-estimulação bem potente para localizar o músculo que deseja aplicar o botox. Quando o músculo pulsa, ele segura bem firme a região e injeta o remédio, você consegue sentir o medicamento entrando... a dor é horrivel!!!! Mas não se assustem, desta vez mesmo eu preferi fazer com sedação, e foi tranquilo. Só meio chatinho voltar da anestesia, mas isso é tranqüilo né?!?

O botox só pode ser aplicado a cada 6 meses, o fenol não tem restrição, mas é aconselhável aplicar respeitando um período de 30 dias.
Para mim, após a terceira aplicação, já não senti mais tanta diferença. Acredito que assim como acontece com outros medicamentos, o corpo acaba se habituando com o remédio e já não causa tanto efeito.

Se tiverem dúvidas sobre o botox, é só me procurar. Ok?


Beijos, estava com saudades de escrever!!!!
Cléo Terra

sábado, 5 de junho de 2010

Festa Junina!!!!

Oi pessoas! Nesse mês de junho o que mais rola é agitação caipira... Festa junina é tudo de bão, acompanhados do vinho quente, do quentão....eita nóis!!! Eu amo as comidinhas típicas, os modão de viola, as quadrilhas...

Como já deu pra perceber, não tenho medo algum para ir nessas festas, mesmo sabendo que nem sempre vou encontrar acessibilidade boa para transitar entre as barracas.

Mas pra que ficarmos reclamando de tudo, dizendo que os responsáveis por esses eventos não pensam em nós que temos limitação física? Antes de reclamar e criticar os organizadores, vamos pensar um pouco: será que eles sabem das reais necessidades que um cadeirante ou um muletante tem ao freqüentar sua festa?

O cara que monta uma festa junina, podemos quase afirmar que ele não tem a mínima noção que as barracas não podem ser muito altas, ou que o chão do local onde será o evento não pode ser acidentado ou com cascalhos, pois as rodinhas da cadeira atolam com essas pedrinhas... ele não tem a mesma percepção que um deficiente, porque ele não possui a limitação fisica, aí complica né?

Enfim, a gente cobra que tudo seja acessível, cobra inclusão, mas nem sempre a gente ta afim de se mostrar pro mundo...de apontar o que ta bom e o que precisa melhorar. Afinal de contas, não dá pra dizer que a falta de inclusão é culpa 100% da nossa sociedade, pois os deficientes na maioria das vezes se excluem, se escondem e preferem não ter ou não dar trabalho ao sair. A vontade de participar, de fazer parte é o primeiro passo para a igualdade... tem que partir da gente...

Ah! Quem quiser me encontrar nesse mês de junho, estarei quase todos os finais de semana no CRAISA em Santo André...a Festa Junina é muito boa, amanha tem Guilherme e Santiago!!!! Vou conferir de perto a acessibilidade, curtir o show e depois conto pra vocês como foi a experiência tá?

Olhem o site da prefeitura, tem mais informações:
http://www.santoandre.sp.gov.br/bn_conteudo.asp?cod=4561

beijos,
Cléo Terra

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Amor sem limites

No Brasil, há 24,5 milhões de deficientes. O que acontece quando eles se apaixonam, namoram ou casam com um não-deficiente?

Quando viu a professora infantil Sylvia Lia Grespan Neves pela primeira vez, numa palestra em 2001, o professor de educação física Maurício Rodrigues logo se apaixonou - e decidiu levar aquela linda mulher para um lugar romântico. 'Escolhi um barzinho com música, bem fechado e escurinho. Achei que estava arrasando', lembra. Mas não estava. No escurinho, Sylvia, 37 anos, surda desde que nasceu, nem sequer conseguia ler os lábios do pretendente. 'Deficientes auditivos não gostam de lugares escuros e barulhentos. Como o Maurício não sabia nada de língua de sinais, nos falamos por bilhetes. Os garçons cansaram de trazer e recolher papéis', diz ela, contando sua história à CRIATIVA com a ajuda de Rafaela Sessenta, intérprete de libras (língua brasileira de sinais). 'Minha cabeça e meus olhos doíam, mas resolvi ficar com ele até o fim da noite. Achei que valia a pena.' Valeu: os dois moram juntos desde maio do ano passado.
Como Sylvia, existem em todo o planeta cerca de 500 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, sendo que 80% delas, segundo a Organização das Nações Unidas, vivem em países em desenvolvimento, como o Brasil. Por aqui, são 24,5 milhões de brasileiros deficientes, ou 14,5% da população, segundo dados do Censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (veja os tipos no quadro 'A deficiência em números'). Também como Sylvia, muitos namoram ou se casam com não-deficientes, quebrando estigmas e vencendo barreiras. 'A inclusão dos deficientes passa pela escola, pelo mercado de trabalho e também pelo campo da afetividade', afirma o psicoterapeuta Fabiano Puhlmann, paraplégico desde os 18 anos, casado com uma não-deficiente.


RISADA IRRESISTÍVEL

No país, a incidência de deficiências entre as mulheres é um pouco maior: 15,28%, contra 13,66% em homens. Desde 1994, ano em que sofreu um acidente de carro que a deixou tetraplégica, a psicóloga e publicitária Mara Gabrilli, de 37 anos, faz parte desse contingente. Hoje ela é secretária da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da cidade de São Paulo. Há três anos namora o nutricionista Alfredo Galebe, de 40, um não-deficiente que a descobriu na televisão. 'Eu estava fazendo alongamento na sala de TV e, quando fui pegar o controle remoto para mudar de canal, ele escorregou para debaixo do sofá. Nesse momento, Mara apareceu no programa que passava. Fiquei hipnotizado', conta. 'Ao ouvir a risada dela, já sabia que era a mulher da minha vida.' Galebe tratou logo de agir: mandou um e-mail para Mara, convidando-a para um café.
Só que ela o cozinhou em banho-maria por longos meses. 'Ele me mandava vários e-mails', conta Mara, que nunca aceitava tomar o tal café. 'Quando pedi uma foto dele, me mandou a do cachorro. Aí achei que era um cara divertido. Saímos três meses depois', lembra. 'Ela devia achar que eu era baixinho, corcunda, narigudo e muito feio', brinca o nutricionista. No fim, foi Mara quem tomou coragem e pediu Galebe em namoro. Isso um dia depois de, em um restaurante, ele ter tirado a publicitária para dançar, mesmo ela não mexendo um músculo sequer abaixo do pescoço. Ele a conduziu na cadeira de rodas na maior naturalidade.

PRECONCEITO E CURIOSIDADE

Não há estimativas de quantos casais de deficiente com não-deficiente se formaram nos últimos anos. Mas Dorina Nowill, cega e fundadora de uma instituição que trabalha com deficientes visuais, acredita que, se antes o mais comum era se fechar numa instituição especializada e se relacionar apenas com seus pares, hoje a maioria dos portadores de deficiência interage mais com a sociedade, em todos os sentidos. 'O amor não aceita teorias', filosofa Dorina. 'Para namorar ou casar, o mais importante é gostar, porque dificuldades nos relacionamentos amorosos aparecem para deficientes e não-deficientes.'
É verdade que todo casal tem suas dificuldades de adaptação e briguinhas cotidianas. Entre deficientes e não-deficientes, porém, há rusgas específicas. 'Por não ouvir, Sylvia bate portas e gavetas, e o barulho me deixa maluco', queixa-se o professor Rodrigues. 'Se a Néia coloca o detergente em outro canto da pia, é um problema pra mim. E, se não acho algo, fico ligando o dia todo para ela, até encontrar', conta o músico João Souza, de 31 anos, que namora há cinco a auxiliar administrativa Ednéia dos Santos, de 27. Os dois se conheceram num bar - ele no palco, tocando violão e cantando, ela na platéia. Assim que bateu os olhos, Ednéia quis conhecer aquele músico 'tão interessante'. 'Nem liguei quando me disseram que ele era cego.'
Invariavelmente, esses casais enfrentam manifestações de preconceito, dos amigos, da família, de todos os lados. 'Uma amiga disse que eu nunca seria feliz com ele', afirma Ednéia. Mas ela não ligou para a opinião dos outros. Ele também não, embora confesse que ainda hoje se sente mal em certas situações: 'Sei que tem gente que olha diferente. E, sempre que alguém vem conversar, se dirige à Néia, achando que também sou surdo e não posso responder'.
Também para Rodrigues as coisas não foram fáceis. Ele chegou a respirar aliviado quando sua família aceitou a namorada surda. 'Pensei que não havia mais barreira a ser rompida, porque a gente tende a pensar que o preconceito está só no lado de quem não tem a deficiência', diz. Mas não foi bem assim. A comunidade surda teve dificuldade em aceitar a relação de Sylvia com um 'ouvinte'. 'As amigas diziam que era perigoso, que ele ia me abandonar logo, não aceitaria meu estilo de vida.'
Já Galebe não dá a mínima para comentários alheios. Aliás, ele defende que existe mais curiosidade do que preconceito. 'Várias vezes as pessoas se surpreendem conosco. Acham que namorar a Mara é uma espécie de sacrifício para mim. Quando a conhecem, ficam é se perguntando como ela pode namorar um cara como eu', brinca.

COMO TODO MUNDO

A curiosidade, diz Galebe, se estende ao sexo. 'As pessoas perguntam como transamos. Eu sempre explico que fazemos como todo mundo, não há nenhum equipamento especial.' Por experiência própria, o psicoterapeuta Puhlmann confirma que, mesmo que exista uma lesão medular que prejudique algumas respostas do corpo, o sexo não será muito diferente ou menos satisfatório: 'Antigamente, as pessoas achavam que minha mulher ia ser minha enfermeira. Isso é uma bobagem. Somos casados há mais de 15 anos e o sexo é ótimo. Tenho ereção e ejaculação como qualquer homem. Às vezes, até rola fantasia com a cadeira'.
No caso de Souza, a falta da visão, em vez de atrapalhar, até ajuda na cama. Acostumado a tatear objetos e pessoas, ele acredita que acaba tocando muito mais Néia do que um não-deficiente. 'Ele não é nada bobinho', entrega a namorada. 'Tinha gente que até me chamava de safado', acrescenta Souza, queixando-se que os amigos achavam que ele tinha que 'ficar' com a mais feia do bar só porque não enxergava. 'Eles pensam que a gente não tem sexualidade', diz o músico, que nunca namorou uma deficiente. O psicoterapeuta Puhlmann confirma que, de algum modo, a falta de visão esquenta o sexo. 'Quem não enxerga tende a fantasiar mais. Um perfume pode suscitar na pessoa um prazer todo especial.'


A deficiência em números. O grupo de brasileiros com deficiência se divide da seguinte forma:


57,16%* têm alguma dificuldade para enxergar
22,7% têm alguma dificuldade para caminhar
19% têm alguma dificuldade para ouvir
11,5% têm algum tipo de deficiência mental
5,32% não têm algum membro ou parte dele
2,3% são incapazes de caminhar
0,68% tem grande dificuldade em enxergar, ouvir, caminhar ou é incapaz de ouvir
0,6% é incapaz de enxergar
0,44% é tetraplégico, paraplégico ou hemiplégico

Fonte: 'Retratos da Deficiência no Brasil', levantamento feito pelo Centro de Políticas Sociais da FGV-RJ, com base nos dados do Censo/IBGE *Muitos entrevistados declararam ter mais de uma dificuldade e, por isso, o total é superior a 100%

Fonte:http://revistacriativa.globo.com/Criativa/0,19125,ETT1059409-2245,00.html